quinta-feira, 25 de junho de 2015

Perdas e ganhos da cirurgia bariátrica





Procedimento é indicado para pacientes superobesos


Pedro Cavalcanti afirma que, para se submeter à cirurgia, paciente precisa apresentar alguma doença


A luta do jornalista Joffre Melo, 38 anos, contra a balança começou cedo. Desde criança, via o ponteiro subir de forma desproporcional ao seu crescimento. A os 25, com 166kg, decidiu se submeter à cirurgia bariátrica. Passou por todas as etapas exigidas: além de ser acompanhado por um cirurgião especializado, foi a psicólogo, nutricionista, fez os exames necessários. E, no final de novembro de 2002, enfim se submeteu ao processo que, acreditava, seria um marco para a sua mudança de vida. Uma semana depois do procedimento teve febre alta e uma forte dor abdominal. Um dos grampos utilizados na cirurgia abriu e os alimentos consumidos até então vazaram para a cavidade do abdome, o que provocou uma infecção no paciente. Joffre teve que passar por outra cirurgia. Ficou internado na UTI. Teve alta, voltou para o hospital. E somente em janeiro teve alta novamente. Perdeu, durante esse período, 48 kg. Hoje, com 150kg, o jornalista diz que sofre com a alteração da pressão arterial, além de sentir dores nos calcanhares por causa do excesso de peso. Mas não tem coragem de optar pela cirurgia bariátrica novamente. “Não me sinto seguro. Apesar de saber que as chances de acontecer tudo novamente são mínimas”, afirma.
Dados revelados recentemente pela pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, revelam que 52,5% dos brasileiros está acima do peso e 17,9% da população está obesa. O estudo é referente ao ano de 2014. O cirurgião do aparelho digestivo e presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Pedro Cavalcanti, afirma que hoje a obesidade é um problema maior que a fome no País. “As pessoas estão comendo mais, porém se alimentam mal”, salienta. E cita uma pesquisa publicada na Suécia, em 2006, a Swedish Obese Subjects Study, para afirmar que o tratamento cirúrgico é mais eficaz do que o tratamento clínico, em casos de obesidade. “A mortalidade dos pacientes avaliados que se submeteram à bariátrica foi de 0,5%, enquanto nos casos de tratamento cirúrgico o percentual foi 10 vezes maior”, explicou. 
Realizada no Brasil desde a década de 70, a bariátrica chegou a Pernambuco há 18 anos. No País, são utilizadas várias técnicas cirúrgicas, entre elas o “by pass gástrico”, a mais praticada, que consiste na diminuição do estômago e desvio do intestino (indicada sobretudo para pacientes com diabetes tipo 2), e a “gastrectomia vertical”, método pelo qual o estômago é “afinado” e transformado em um tubo. O procedimento é indicado para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC – peso dividido pela altura ao quadrado) superior a 30 e que apresentem alguma doença. “No Hospital Oswaldo Cruz, onde trabalho, operamos pacientes com IMC maior do que 48, o que classificamos como superobesidade”, afirma Cavalcanti. “Não avaliamos se o paciente está gordo, mas se está doente. Operamos quem realmente apresenta problemas de saúde. E pessoas com IMC maior que 48 estão, pelo menos, com excesso superior a 60 kg, o que provoca doenças cardiovasculares, hipertensão ou diabetes tipo 2”, explica o médico.A enfermeira Karina Joelma Alves, 44, afirma, com convicção, que a cirurgia, realizada há 11 anos, foi a melhor decisão que poderia ter tomado. “Depois da minha primeira gravidez, fui engordando aos poucos. Quando decidi me operar, estava com 118 quilos e consciente de que a mudança principal viria de mim”, conta. Karina já havia tentado várias dietas, tomou remédios e não conseguia emagrecer. “Do meu parto até seis anos depois, tentava, de todas as formas, perder peso, sem sucesso. Acabei tomando um medicamento que mexeu com a tireóide. A glândula deixou de produzir hormônios. Desenvolvi síndrome do pânico, tinha muito sono, ao ponto de dormir dirigindo. Estava disposta a passar por todos os sacrifícios que o período pós-cirúrgico exige”, diz. Duas semanas depois da operação, Karina voltou a trabalhar. Desde então, mantém um cuidado especial com a alimentação. “Priorizo vegetais, frutas, cereais, alimentos integrais e saudáveis”, ressalta. Após 40 dias de operada, a enfermeira foi liberada pela equipe médica para praticar atividades físicas. “Frequento a academia cinco vezes por semana, pelo menos duas horas por dia”, detalha, afirmando que não considerou difícil manter o peso, mesmo tanto tempo depois da cirurgia. “Trabalho à noite, em esquema de plantão. Muitas vezes, em vez de ir pra casa, dormir, pela manhã, sigo direto para a academia. Não posso relaxar. A mudança é muito mais psicológica. Para conseguir êxito, o paciente tem que estar disposto a mudar radicalmente seu estilo de vida. E ter a consciência de que o estômago é elástico. Se forçar, vai aumentar. E o resultado é o sobrepeso”, alerta a enfermeira, que há sete anos engravidou novamente e engordou apenas nove quilos, que conseguiu perder após o parto.

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#Bem explicadinho neh?
By Val

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